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A Câmara dos Deputados em Brasília testemunhou,888pokerpoker - na terça-feira (17), discussões acaloradas que quase resultaram em agressões físicas entre congressistas. Impedidos pela Polícia Legislativa, deputados passaram a trocar xingamentos e acusações variadas, com cenas que se assemelhavam a crises nacionais anteriores, como o julgamento que resultaria no impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

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O bate-boca, contudo, tinha motivação mais distante: deputados debatiam como o Brasil devia responder às recentes ondas de violência entre Palestina e Israel, com discordâncias que iam desde como definir o grupo Hamas, até qual seria o papel do país como presidente rotativo do Conselho de Segurança da ONU.

A entrada de discussões sobre o Oriente Médio em geral, e da Palestina e de Israel em particular, no cenário doméstico brasileiro é um fenômeno relativamente novo. Porém, compreender as razões pelas quais nações e populações tão distantes passaram a ser símbolos de organizações políticas em território nacional é uma forma importante de entender modificações na política do país, a ascensão do conservadorismo e as interações entre coletivos religiosos e grupos de poder.

Entre Teerã e Tel Aviv

O Brasil possui relações históricas com o Oriente Médio, com fluxos migratórios importantes desde o século XIX. As discussões sobre nações da região, de modo geral, ficaram concentradas em círculos diplomáticos. O Brasil manteve relações bastante amplas com a região durante a Guerra Fria - mas concentrou suas ações em movimentações econômicas e o envio de poucos observadores militares em momentos de crise, como no Suez, por exemplo. Grupos progressistas no Brasil, além disso, estabeleceram relações próximas com o movimento palestino, com apoios variados e trocas de informação.

    

A ordem de grandeza e a intensidade das relações mudou consideravelmente com os primeiros dois governos Lula. Nesse período, o Oriente Médio emergiu como um foco estratégico para alavancar o Brasil como uma figura central no palco global. A região passou a ser vista não apenas como um terreno para diversificar os laços comerciais do país  - mas também para demonstrar as novas vontades de mediação de Brasília.

Sob a liderança de Lula, a região ganhou destaque nas discussões da diplomacia brasileira, posicionando-se firmemente entre as prioridades dos países emergentes, com uma abordagem alinhada à visão Sul-Sul que caracterizou a diplomacia naquele momento. O então chanceler Celso Amorim passou a incluir capitais do Oriente Médio - como Damasco e Beirute - em suas viagens internacionais pela região, com cargos diplomáticos nesses países passando a ser disputados por diplomatas brasileiros.

 A tentativa mais potente de demonstrar os novos rumos do Brasil na região se deu com a tentativa falha de Brasília de mediar um acordo nuclear com o Irã, em conjunto com a Turquia, em 2010. As informações sobre o tema, mesmo mais de 10 anos depois, ainda não estão completamente disponíveis. Naquele momento, o Irã vinha negociando com o governo do norte-americano Barack Obama um complexo programa de retomada diplomática entre os dois países, que envolvia a suspensão das sanções econômicas estadunidenses, ao mesmo tempo em que Teerã criaria ferramentas para tornar seu programa nuclear mais transparente.

A ação brasileira, que teria o salvo-conduto dos EUA, buscava o envio de material radioativo iraniano para a Turquia, que enriqueceria o urânio e retornaria para o Irã. Com isso, Teerã não desenvolveria ferramentas tecnológicas que posteriormente poderiam ser atualizadas para o desenvolvimento de artefatos nucleares, ao mesmo tempo em que poderia empregar os produtos para questões médicas. O Brasil e a Turquia teriam conseguido convencer o Irã do acordo - mas ele teria sido boicotado posteriormente pela Casa Branca. Lula, naquele momento, fez declarações fortes contra o governo Obama e as relações entre Brasília e Washington atingiram um dos piores níveis em décadas.

Se a expansão diplomática do governo brasileiro, naquele momento, gerou repercussão internacional, com debates globais sobre a razão do insucesso do protagonismo de Brasília, no campo doméstico a situação foi ainda mais conturbada. Deputados da oposição passaram a criticar abertamente a política externa do governo, com notável centralidade em congressistas ligados a grupos neopentecostais.

O deputado e pastor Marcos Feliciano, por exemplo, passou a dedicar seus discursos para apontar o que seria uma decisão temerária do Brasil, se imiscuindo em conflitos que não nos diziam respeito. Ao mesmo tempo, reforçava que uma aproximação com o Irã significaria dar as costas à suposta única democracia da região: Israel. Feliciano, que continua reforçando seu apoio a Israel ainda hoje, representava uma movimentação inicial que logo teria forte poder na política brasileira: a combinação do movimento neopentecostal e suas interpretações sobre o mundo. Esta evolução religiosa e política no Brasil, marcada por líderes como Feliciano e seu apoio inabalável a Israel, preparou o terreno para uma profunda transformação na paisagem espiritual e política do país. Em meio à variedade cultural e religiosa do Brasil, um fenômeno notável começou a se desenrolar.

Mudança de fé

Apesar de ser uma das nações com a maior população católica romana do mundo, o Brasil tem visto uma transição religiosa acelerada. Nos anos 1970, impressionantes 92% da população se identificavam como católicos. No entanto, em 2010, essa porcentagem caiu para 64%.

Paralelamente a essa queda no catolicismo, houve um crescimento marcante nas organizações evangélicas, especialmente entre os frequentadores de igrejas pentecostais e neopentecostais. Em 2010, estas denominações já representavam mais de 22% da população brasileira.

Este crescimento não se limitou apenas ao aspecto religioso, mas também transbordou na esfera política. Desde 1986, os evangélicos pentecostais têm buscado consolidar sua presença crescente na sociedade através da representação política e do acesso a esferas de poder. Este movimento para a política foi impulsionado pela crença de que a política precisa de uma forte moralidade pública e que as crenças, valores e símbolos religiosos devem ter um papel ativo na política.

É imperativo ressaltar que o universo evangélico é vasto e multifacetado, abrangendo uma miríade de denominações, crenças e práticas. Longe de ser um grupo monolítico, os evangélicos no Brasil apresentam uma diversidade teológica, cultural e social que reflete a riqueza e complexidade do próprio país. Portanto, qualquer análise que busque compreender o impacto ou influência deste grupo na sociedade brasileira deve abordá-lo em sua totalidade, considerando suas nuances e particularidades. Subestimar ou generalizar essa complexidade seria não apenas um equívoco, mas também uma falha em reconhecer a profundidade e variedade de vozes dentro desta comunidade.

Na interseção entre reflexões sobre Israel e o campo neopentecostal, as relações estão notadamente centralizadas em grupos como a Igreja Catedral do Avivamento, do já citado Feliciano, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, do pastor Silas Malafaia e a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Macedo. Representantes de um campo específico da fé neopentecostal, pastores, lideranças políticas e fiéis de tais denominações passaram a constituir Israel e seus símbolos como elementos centrais para a sua teologia e prática religiosa. Nesse contexto, Israel não é apenas uma localidade geográfica, mas também uma representação espiritual e teológica que ocupa um lugar de destaque na cosmovisão neopentecostal de certos grupos. Esta conexão com Israel vai além do mero simbolismo; é manifestada em peregrinações a locais sagrados, na incorporação de símbolos judaicos nas práticas litúrgicas e até mesmo na adoção de rituais e festividades.

O apoio a Israel, para essas denominações, é visto não apenas como uma questão de alinhamento teológico, mas também como uma extensão de sua missão divina. A interpretação escatológica de certas passagens bíblicas, particularmente aquelas relacionadas ao fim dos tempos e ao papel de Israel na consumação dos eventos proféticos, é central para essa relação.

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